Bonjuuuu galera. Primeiro post de uma colaboradora.
Hoje, Carol Chaud, formada em Direito, registrada na OAB com louvor, grande amiga e, claro, LIIINNNDAA. Aprendam, 'direito' é muito importante e tem várias coisas interessantes. Beijo Mari
Oi gente!!!
A
Mari propôs para que eu escrevesse para o Blog, lógico, sobre assuntos
jurídicos, o que mais gosto de escrever e sobre o que mais entendo. Aí eu
fiquei pensando sobre o que eu escreveria, afinal, a maioria das pessoas acha
chato.No entanto, engana-se quem pensa que é chato. Aliás, já me deparei com
tanta coisa engraçada que penso valer a pena compartilhar.
Há
alguns anos atrás trabalhei no Fórum de Catalão como estagiária, e agora estou
de volta como assistente de um dos Juízes. Normalmente, quando vamos dar
andamento a um processo, temos que pesquisar sobre casos semelhantes para
uniformizar as decisões de forma geral. É o que se dá o nome de
“jurisprudência”, ou seja, os tentar decidir sobre casos semelhantes de forma
semelhante.
Certo dia estava
pesquisando decisões sobre “furto famélico”, que nada mais é que o furto
cometido por aquela pessoa literalmente morta de fome ou para matar a fome de
um morto de fome, por exemplo, a mãe que furta feijão no supermercado para dar
almoço aos familiares... São inúmeros casos!!! E nessa pesquisa eu encontrei
uma decisão em forma de poema, dada por um Juiz de Minas Gerais, cidade de Carmo
da Cachoeira. O Juiz Ronaldo Tovani, de 31 anos, inovou. E eu adorei!!!
Vejam só a sentença dada
a um sujeito preso em flagrante por ter furtado duas galinhas e ter perguntado
ao delegado "desde quando furto é
crime neste Brasil de bandidos?"...
No dia cinco de
outubro
Do ano ainda
fluente
Em Carmo da
Cachoeira
Terra de boa
gente
Ocorreu um fato
inédito
Que me deixou
descontente.
O jovem Alceu da
Costa
Conhecido por
"Rolinha"
Aproveitando a
madrugada
Resolveu sair da
linha
Subtraindo de
outrem
Duas saborosas
galinhas.
Apanhando um
saco plástico
Que ali mesmo
encontrou
O agente muito
esperto
Escondeu o que
furtou
Deixando o local
do crime
Da maneira como
entrou.
O senhor Gabriel
Osório
Homem de muito
tato
Notando que
havia sido
A vítima do
grave ato
Procurou a
autoridade
Para relatar-lhe
o fato.
Ante a notícia
do crime
A polícia
diligente
Tomou as dores
de Osório
E formou seu
contingente
Um cabo e dois
soldados
E quem sabe até
um tenente.
Assim é que o
aparato
Da Polícia
Militar
Atendendo a
ordem expressa
Do Delegado
titular
Não pensou em
outra coisa
Senão em
capturar.
E depois de
algum trabalho
O larápio foi
encontrado
Num bar foi
capturado
Não esboçou
reação
Sendo conduzido
então
À frente do
Delegado.
Perguntado pelo
furto
Que havia
cometido
Respondeu Alceu
da Costa
Bastante
extrovertido
Desde quando
furto é crime
Neste Brasil de
bandidos?
Ante tão forte
argumento
Calou-se o
delegado
Mas por dever do
seu cargo
O flagrante foi
lavrado
Recolhendo à
cadeia
Aquele pobre
coitado.
E hoje passado
um mês
De ocorrida a
prisão
Chega-me às mãos
o inquérito
Que me parte o
coração
Solto ou deixo
preso
Esse mísero
ladrão?
Soltá-lo é
decisão
Que a nossa lei
refuta
Pois todos sabem
que a lei
É prá pobre,
preto e puta...
Porissopeço a
Deus
Que norteie
minha conduta.
É muito justa a
lição
Do pai destas
Alterosas.
Não deve ficar
na prisão
Quem furtou duas
penosas,
Se lá também não
estão presos
Pessoas bem mais
charmosas.
Afinal não é tão
grave
Aquilo que Alceu
fez
Pois nunca foi
do governo
Nem seqüestrou o
Martinez
E muito menos do
gás
Participou
alguma vez.
Desta forma é
que concedo
A esse homem da simplória
Com base no CPP
Liberdade
provisória
Para que volte
para casa
E passe a viver
na glória.
Se virar homem
honesto
E sair dessa sua
trilha
Permaneça em
Cachoeira
Ao lado de sua
família
Devendo, se ao
contrário
,
Mudar-se para
Brasília!!!
Beijos.
Carol Chaud
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